Leituras…

[…] Quando Ricardo Reis desceu para jantar, já perto das nove horas, conforme a si mesmo havia prometido, encontrou a sala deserta, os criados a conversarem a um canto, finalmente apareceu Salvador, mexeram-se os serventuários um pouco, é o que devemos fazer sempre que nos apareça o superior hierárquico, basta, por exemplo, descansar o corpo sobre a perna direita se antes sobre a esquerda repousava, muitas vezes não é preciso mais, ou nem tanto, E jantar, pode-se, perguntou hesitante o hóspede, claro que sim, para isso ali estavam, e também Salvador para dizer que não se admirasse o senhor doutor, na passagem do ano tinham em geral poucos clientes, e os que havia jantavam fora, é o réveillon, ou révelion, (…) Deixe lá, vai mais cedo para a cama, consolou Ricardo Reis, e Salvador respondeu que não, que sempre ouvia as badaladas da meia-noite em casa, era uma tradição de família, comiam doze passas […]

in ‘O ano da morte de Ricardo Reis’ (José Saramago)

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